Gazeta 2BCebola 2Bbanner 2B18 2Bfinal 1 300x122 - Retrospectiva de postagens Gazeta Cebola! Muitas poesias!
13/05/2018:

Bem gente vocês devem ter notado que há algumas semanas venho postado coisas que já haviam sido postadas no face, mas só no face mesmo. Agora nessa outra postagem também trago conteúdo que eu havia postado antes, mas dessa vez como um super compilado.

Há aqui várias poesias do fim do ano passado até março desse ano – 2018 – para fechar o ciclo de re-postagens com chave de ouro e marcar a volta das postagens no Blog (anteriormente só postava no face). Por que só ficar com a página do facebook? Bem eu estava sem tempo para redefinir as configurações do Blog.

Mas agora com mais tempo e organização mudei o layout e planejei algumas novas postagens. Vou continuar com os poemas, contos e também mais. Dentro da temática do Blog e apresentar algumas novidades. Bem é isso.

Aproveitem a retrospectivas de postagens e fiquem ligados para mais novidades!

Postagens do face:

A ARCA DE NOÉ

Sete em cores, de repente
O arco-íris se desata
Na água límpida e contente
Do ribeirinho da mata.

O sol, ao véu transparente
Da chuva de ouro e de prata
Resplandece resplendente
No céu, no chão, na cascata.

E abre-se a porta da Arca
De par em par: surgem francas
A alegria e as barbas brancas
Do prudente patriarca

Noé, o inventor da uva
E que, por justo e temente
Jeová, clementemente
Salvou da praga da chuva.

Tão verde se alteia a serra
Pelas planuras vizinhas
Que diz Noé: “Boa terra
Para plantar minhas vinhas!”

E sai levando a família
A ver; enquanto, em bonança
Colorida maravilha
Brilha o arco da aliança.

Ora vai, na porta aberta
De repente, vacilante
Surge lenta, longa e incerta
Uma tromba de elefante.

E logo após, no buraco
De uma janela, aparece
Uma cara de macaco
Que espia e desaparece.

Enquanto, entre as altas vigas
Das janelinhas do sótão
Duas girafas amigas
De fora as cabeças botam.

Grita uma arara, e se escuta
De dentro um miado e um zurro
Late um cachorro em disputa
Com um gato, escouceia um burro.

A Arca desconjuntada
Parece que vai ruir
Aos pulos da bicharada
Toda querendo sair.

Vai! Não vai! Quem vai primeiro?
As aves, por mais espertas
Saem voando ligeiro
Pelas janelas abertas.

Enquanto, em grande atropelo
Junto à porta de saída
Lutam os bichos de pêlo
Pela terra prometida.

“Os bosques são todos meus!”
Ruge soberbo o leão
“Também sou filho de Deus!”
Um protesta; e o tigre – “Não!”

Afinal, e não sem custo
Em longa fila, aos casais
Uns com raiva, outros com susto
Vão saindo os animais.

Os maiores vêm à frente
Trazendo a cabeça erguida
E os fracos, humildemente
Vêm atrás, como na vida.

Conduzidos por Noé
Ei-los em terra benquista
Que passam, passam até
Onde a vista não avista.

Na serra o arco-íris se esvai…
E… desde que houve essa história
Quando o véu da noite cai
Na terra, e os astros em glória

Enchem o céu de seus caprichos
É doce ouvir na calada
A fala mansa dos bichos
Na terra repovoada.

Gazeta Cebola
20 de março ·
Não percebi a chegada do outono. Mas eu sentia que estava embarcando numa nova estação: todas as árvores que (não) plantei, de repente, estavam nuas. E eu caminhava num tapete de folhas e flores. Os caminhos também se estreitaram e tive uma sucessão de perdas, ou melhor, tive uma sucessão de trocas. E assim, como toda pessoa que tem um coração pulsando, fiquei assustada demais com as mudanças. Mas agora já consigo perceber beleza na nudez de cada uma das minhas árvores prediletas. Elas apenas estão trocando de roupa enquanto eu troco de pele, tamanha cumplicidade.

Marla de Queiroz.

Gazeta Cebola
13 de março ·
Nunca houve numa vida única uma afeição única: e se nos parece que há casos em que houve é que essa vida não durou o bastante para que a desilusão e a mudança se produzisse, ou quando se produziu ficou orgulhosamente guardada no segredo do coração que a sentiu.

Eça de Queirós.

10/03/2018

Perda

Uma brisa leve correu em torno do olhar.
Mergulhando a alma em pesar.
Acompanhada de uma lágrima de dor.
Tristemente podia-se ver uma flor.

Com as cores já desbotadas de uma aquarela.
Ao lado se via uma vela.
Um sentimento morava ali atroz.
Já no peito uma brasa feroz.

Um apelo surdo ressoou em seu coração.
E tudo o que se viu foi um clarão.
Seguido de um apelo fugaz.
Mais aquilo que se buscava era a paz.

Gazeta Cebola
8 de março ·
Idade de Ser Feliz

Existe somente uma idade para a gente ser feliz
somente uma época na vida de cada pessoa
em que é possível sonhar e fazer planos
e ter energia bastante para realizá-los
a despeito de todas as dificuldades e obstáculos

Uma só idade para a gente se encantar com a vida
e viver apaixonadamente
e desfrutar tudo com toda intensidade
sem medo nem culpa de sentir prazer

Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida
à nossa própria imagem e semelhança
e sorrir e cantar e brincar e dançar
e vestir-se com todas as cores
e entregar-se a todos os amores
experimentando a vida em todos os seus sabores
sem preconceito ou pudor

Tempo de entusiasmo e de coragem
em que todo desafio é mais um convite à luta
que a gente enfrenta com toda a disposição de tentar algo novo,
de novo e de novo, e quantas vezes for preciso

Essa idade, tão fugaz na vida da gente,
chama-se presente,
e tem apenas a duração do instante que passa …
… doce pássaro do aqui e agora
que quando se dá por ele já partiu para nunca mais!

Geraldo Eustáquio de Souza

Gazeta Cebola
27 de fevereiro ·
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa

30/01/2018
Poeminho do Contra

Todos esses que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão…
Eu passarinho!

27/01/2018
( Mario Quintana )

O professor disserta sobre ponto difícil do programa.
Um aluno dorme,
Cansado das canseiras desta vida.
O professor vai sacudí-lo?
Vai repreendê-lo?
Não.
O professor baixa a voz,
Com medo de acordá-lo.

Carlos Drummond de Andrade

23/01/2018

Poemas
“ Senhor-Povo”
– do País da Luz –

“ Eu, que vivi e observei
no foco irradiante da moderna concepção
das reivindicações sociais,
testemunho, de visu,
que os mais preclaros apóstolos
da igualdade não gostavam da multidão,
porquê lhes cheirava a gente;
não se aproximavam dos miseráveis,
porque receavam o seu contato,
que lhes sujava o brilho do fato
e lhes transmitia o micróbio patogênico
de várias moléstias infecciosas,
e confessavam, desdenhosamente, o seu asco
pela porcaria revoltante do Senhor-Povo,
a que enalteciam e lisonjeavam
nas frases campanudas dos seus discursos,
ou dos seus escritos demagógicos e igualitários. ”

Eça de Queiroz

20 de janeiro ·
Bom dia gente! Lá vai mais um poema para vocês:

Minha energia é o desafio,
minha motivação é o impossível,
e é por isso que eu preciso
ser, à força e a esmo, inabalável.

Augusto Branco.

16 de janeiro ·
Círculo Vicioso

Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
– Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
que arde no eterno azul, como uma eterna vela !
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:

– Pudesse eu copiar o transparente lume,
que, da grega coluna á gótica janela,
contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela !
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:

– Misera ! tivesse eu aquela enorme, aquela
claridade imortal, que toda a luz resume !
Mas o sol, inclinando a rutila capela:

– Pesa-me esta brilhante aureola de nume…
Enfara-me esta azul e desmedida umbela…
Porque não nasci eu um simples vaga-lume?

Machado de Assis

Gazeta Cebola
9 de janeiro ·
DA FELICIDADE

Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!

Mario Quintana

Gazeta Cebola
6 de janeiro ·
Bom dia gente! Mais uma poesia:

Ainda Me Levanto
Maya Angelou

Você pode me inscrever na história
Com as mentiras amargas que contar
Você pode me arrastar no pó,
Ainda assim, como pó, vou me levantar

Minha elegância o perturba?
Por que você afunda no pesar?
Porque eu caminho como se eu tivesse
Petróleo jorrando na sala de estar

Assim como a lua ou o sol
Com a certeza das ondas no mar
Como se ergue a esperança
Ainda assim, vou me levantar

Gazeta Cebola
4 de janeiro ·
O verdadeiro amigo

Compreenda.
Releve.
Nunca abandone
o verdadeiro amigo.
Ele pode nem estar
ao seu lado agora.
Mas certamente,
estará sempre contigo.

Clarice Pacheco.

Gazeta Cebola
2 de janeiro ·
RECEITA DE ANO NOVO

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade.

Gazeta Cebola
28 de dezembro de 2017 ·
Boa noite gente! Hoje trago mais uma poesia de Clarice Lispector:

Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar.

Clarice Lispector.

Gazeta Cebola
26 de dezembro de 2017 ·
Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

Cecília Meireles.