extraordinary black and white office modern design loversiq black office design l f7e88cf51172f947 - O cotidiano
Postado originalmente em 12/10/2017:
Ele caminhou de manhã normalmente como sempre fazia para emagrecer. Depois disso voltou para casa, tomou banho e se arrumou. Não tirava ela da cabeça. Foi até o trabalho e enfrentou mais cinco horas de rotina. Almoçou e se pegou novamente pensando nela. No que eles fariam juntos quando ele saísse do serviço.

Tomou uma bronca do chefe a tarde, continuou com seus afazeres e em uma olhada rápida no celular viu várias pessoas conversando no grupo de conversas sobre a violência. Assaltos e tiros e em seguida voltou a fazer seu trabalho sem nada a dizer. Não conseguia parar de pensar nela e em como eles ficariam juntos no fim daquela noite.

Finalmente dezoito horas. Ele estava prestes a largar, porém seu chefe pediu que ficasse mais um pouco. Hora extra. Ele não ligava para o dinheiro daquela hora a mais. Ele só queria sair de lá logo e se encontrar com ela e ouvir que tinha que ficar mais foi um baita balde de água fria. Enfim com toda essa crise ele não se atreveu a dizer não. Mesmo querendo ela o cara não podia correr o risco de ser sei lá… demitido?

Foi maçante, àquela hora parecia mais uma eternidade. Teoria da relatividade, não é? Uma hora de algo enfadonho pode parecer muito, porém uma hora de algo divertido parece tão pouco! O tempo voa. Enfim as dezenove horas ele largou do serviço e pegou um ônibus lotado. Ele foi em pé até a sua casa. Não ligava, contudo para a dor nas pernas afinal ele iria se encontrar com ela.

O homem então desceu do ônibus se espremendo e se contorcendo entre os outros passageiros. O motorista apressado quase fechou a porta nele. Felizmente isso não aconteceu graças ao corro coletivo de vozes que mandaram o “piloto se ligar”. Quando o homem finalmente chegou lá estava ela. Metálica e fria com vários dentes serrilhados. Ela estava dentro da planta que estava ao lado da porta de sua casa.

– Minha amada.

A chave entrou violentamente por entre seus dedos e se arrastou por baixo da sua pele. Atroz e cruel fez seu caminho até o osso do rádio do homem. Este começou a se transformar em algo estranho e deformado. Não mais humano e sim animalesco e selvagem. Ele então partiu para a sua caçada noturna.

———-
Este conto é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com lugares, eventos, situações, nomes e pessoas (sejam elas vivas ou não) é mera coincidência.

Foto: en-Lightning